quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Barquinho de papel !

Feito de jornal, comprado nas manhãs de domingo.
Dobrava e desdobrava... muitas vezes não dava em nada.
Montado pelas mãos sujas e calejadas de um senhor com mais de 60 anos, alcoólatra, há anos se entregou a bebida, e com ela ficou até a morte.
Enchiámos o tanque, ele era o nosso mar... O pequeno barquinho de papel era o nosso navio... Nós os comandantes.
Um barquinho que muitas vezes virava chapéu... e dali então o seu destino mais injusto, o LIXO.
Na memória as lembranças de uma vida vazia, deixada para trás e, daquele barquinho de papel que fazia a nossa alegria.
Hoje não me lembro mais como montar um barquinho de papel;
Hoje não tenho tempo e nem idade para encher um tanque e voltar a ser criança;
Mas hoje, guardo em minha memória todos aqueles momentos, que se foram e jamais vão voltar.
Naquele tempo o barquinho de papel foi a nossa maior construção, hoje ele não existe mais, se foi junto com o seu grande construtor.

(Texto feito em memória ao meu avô Wilson, que faleceu em 2003).

(Texto: Cíntia Cristina)

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